quinta-feira, 4 de abril de 2013

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

A Terra conserva em si os traços evidentes da sua formação. Acompanham-se-lhe as fases com precisão matemática, nos diferentes terrenos que lhe constituem o arcabouço.

Neste ponto, não há simples hipótese; há o resultado rigoroso da observação dos fatos e, diante dos fatos, nenhuma dúvida se justifica. A história da formação da Terra está escrita nas camadas geológicas, de maneira bem mais certa do que nos livros preconcebidos, porque é a própria Natureza que fala, que se põe a nu, e não a imaginação dos homens a criar sistemas.

As perturbações, os cataclismos que se produziram na Terra, desde a sua origem, lhe mudaram as condições de aptidão para entretenimento da vida e fizeram desaparecessem gerações inteiras de seres vivos.

A ignorância humana a respeito da realidade da vida que a cerca, faz com que as meias verdades sejam vendidas como certas, amiudamente a favor dos oportunistas, que defendem interesses próprios de manipulação e dominação, que lhes facilite a ganancia insaciável.

Não perceber que o equilíbrio que vigora no Universo é uma realidade intrínseca a eternidade, é consequência do atraso intelectual que predomina no mundo. Imaginar que o PODER que administra toda a criação universal, seria incapaz de prever que miseras bactérias humanas que habitam o planeta terra, seriam capazes que em consequência de sua incúria, poderiam desequilibrar esta ordem é prova de que a humanidade ainda claudica os primeiros passos do conhecimento. E que os oportunistas aproveitam muito bem, disto.

O desenvolvimento e existência de grandes superfícies líquidas permitiu à Terra que a formação de CO2 em excesso fosse controlada, com a absorção deste por parte dos oceanos.

Os oceanos funcionam como um reservatório gigantesco de CO2, num ciclo que começa agora a ser estudado e compreendido.

 A sua dinâmica interna faz com que o CO2 dissolvido na água se deposite nos leitos dos oceanos, e afunde até ao magma interno para ser expelido nas falhas e vulcões das placas tectónicas. Além disso, é absorvido para a formação de carbonatos calcários, nas conchas, crustáceos e rochas calcárias.

Mas essa sobre-abundância de CO2 ajudou também ao aparecimento e manutenção de organismos que sobrevivem pela foto-síntese: as plantas.

Todos estes processos libertam o oxigénio do CO2, ajudando a alimentar toda a fauna marinha e o seu enriquecimento na atmosfera. A inexistência de oceanos de água líquida em Vénus fez com que o excesso de CO2 e respectivo efeito de estufa, elevassem a temperatura daquele planeta para os 480C, aniquilando o desenvolvimento de vida, tal como a conhecemos. 

 

Ao se formarem, os oceanos, outros componentes além dos sais arrastados da superfície foram acrescentados a eles; as chuvas torrenciais dissolviam em suas gotas parte do CO2 atmosférico transformando-o em ácido carbônico, o ácido carbônico reagia com os silicatos das rochas e se transformava em carbonato de cálcio1 (CaCO3), este carbonato de cálcio era por fim arrastado aos mares onde se acumulou. Este processo diminuiu o efeito estufa, consequentemente amenizando a temperatura do planeta além de permitir que a atmosfera tornar-se mais transparente a radiação solar, com destaque especial devido ao seu papel na formação da vida, à radiação ultravioleta. Permitindo depois disto o inicio da fotossíntese.


 

 
 

Em 1941, o matemático Milankovitch descreveu, na sua teoria da paleoclimatologia, os principais efeitos que os fenómenos astronómicos podem ter no clima da Terra.


O Plistoceno, ou Pleistoceno, é a época mais antiga do Quaternário (Era Antropozóica), com início há cerca de dois milhões de anos. Esta época caracteriza-se pelo arrefecimento geral da atmosfera, pelo aparecimento de novas espécies adaptadas ao frio e, mais importante que tudo, é relativo a esta época que se encontram os primeiros sinais da existência do homem e onde começa, portanto, a pré-história. O Plistoceno corresponde, em grande parte, ao paleolítico dos arqueólogos.
(entre 10 000 anos e 1,8 milhões de anos atrás), relaciona-se com as alterações periódicas dos parâmetros da órbita e da rotação da Terra.

Citar esta teoria se baseia na utilidade das premissas da mesma. E só isto.
 

A Teoria de Milankovitch estabelece que as variações cíclicas da órbita e da rotação da Terra produzem variações na quantidade de energia solar que chega à Terra (insolação). Os três ciclos de Milankovitch são: a variação da excentricidade da órbita da Terra (a forma da órbita da Terra à volta do Sol muda); a variação da obliquidade (o ângulo do eixo da Terra com o plano da sua órbita varia); e a precessão (alteração na direcção do eixo de rotação da Terra). Crédito: Robert Simmon, NASA GSFC.

Milankovitch teorizou que a inclinação do eixo da Terra não é sempre de 23,5°. Há um pouco de oscilação com o tempo. mudanças repentinas e drasticas, no planeta, corroboradas pelos eventos constatados de Milankovitch, são as unicas maneiras de explicar cientificamente, com a extinção repentina de variadas espécies da fauna mundial.

O segundo fator estudado por Milankovitch é a forma da órbita da Terra em torno do sol. Não é exatamente circular.

Precessão




A orientação da inclinação do eixo da Terra muda com o tempo. Como uma ponta giratória que está girando para baixo, o eixo se move em um círculo. Esse movimento é chamado precessão. Ele ocorre por volta de 26.000 anos. Isso faz com que as estações sejam lentamente alteradas durante o ano. 13.000 anos atrás o hemisfério norte era inclinado na direção do sol em dezembro, em vez de em junho. Inverno e verão eram invertidos. Eles mudarão de novo daqui a 13.000 anos.

     




Esses três fatores: inclinação, forma e precessão, combinam-se para criar mudanças no clima, do planeta.


E obviamente não tem nada a ver com a presença, ou não, do homem em sua superficie.

Como essas dinâmicas estão operando em diferentes escalas de tempo, suas interações são complicadas. Algumas vezes seus efeitos reforçam um ao outro e algumas vezes tendem a anular um ao outro. Por exemplo, daqui a 13.000 anos, quando a precessão tiver feito o verão no hemisfério norte começar em dezembro, o efeito de um aumento na radiação solar no periélio, em janeiro, e a redução no afélio, em julho, irá extremar as diferenças sazonais no hemisfério norte, em vez de suavizá-las, como é o caso hoje. Mas também não é assim tão simples, pois as datas do periélio e do afélio também estão mudando.

É do conhecimento da geologia que os sedimentos mudam e mudaram nos últimos 13.000anos. E que é um fato natural.





de Plistoceno

A Terra Bamboleia como um Peão.

Mudanças de pressão no fundo do mar provocam o deslocamento do eixo de rotação da Terra, firma pesquisador da Nasa (agencia espacial dos EUA). A chamada oscilação de Chandler é um dos diversos bamboleios que o planeta sofre enquanto gira.
Ela provoca um deslocamento no seu eixo que chega a cerca de seis metros no polo Norte. É como se, em vez de rodar de uma maneira uniforme, a Terra cambaleasse como um peão.
O geofisíco Richard Gross, do Laboratório de Jatopropulsao da Nasa, descobriu que a causa dessa oscilação está no fundo do mar.
Com modelos matemáticos, Gross descobriu que variações de pressão que ocorrem ali, causadas por diferenças de salinidade e de temperatura e pelas correntes oceânicas, desbalanceiam o eixo terrestre.
A descoberta põe fim a um mistério de mais de um século. Desde 1891, quando o astrônomo Seth Chandler observou a oscilação pela primeira vez, os cientistas tem rebolado para descobrir a sua causa.
Muitos estudiosos relacionavam a oscilação de Chandler a fenômenos atmosféricos.

Este deslocamento acontece por que o formato da Terra é elíptico, achatado nos pólos e curvado no Equador. Este abaulamento na área do Equador, que é fortemente submetido à atração gravitacional da Lua e do Sol (em menor escala), gera um processo de rotação dos pólos da Terra de forma cônica no sentido contrário ao do Zodíaco. Estas “perturbações” periódicas ao eixo polar da Terra (são mensais e anuais), vão acumulando-se lentamente e dão origem ao período de precessão de 25.694,8 anos

Existem indicios de catastrofes exatamente neste periodo de tempo. Cada momento critico é em média metade do ciclo todo da precessão.
Na biologia o mais intrigante é o Mamute congelado instantaneamente na Sibéria, sem o que a ciência não conseguiu explicar o fenomeno satisfatóriamente.

Provas documentadas indicam que não foi somente o Mamute que foi extinto na época. Tudo indica que mastodontes, mamutes lanosos, preguiças terrestres gigantes, antas, camelos e tatus gigantes foram extintos na América do Norte.

Até por volta de 13.000 anos passados existia no Planeta uma mega fauna que foi extinta repentinamente. O desparecimento de várias espécies nesse período devido às transformações ambientais drásticas são fatos da ciência.Porém, as extinções concentram-se em espécies terrestres e de grande porte (megafauna), um fenômeno que empobreceu bastante a fauna mundial e que intriga até hoje a comunidade científica.

O desatre aconteceu no Planeta todo e não apenas em regiões especificas.
Durante esse período foram extintos 19 gêneros e mais que 50 espécies na Austrália e mais de 70 gêneros nas Américas – quase todos eram animais terrestres e, vitualmente, todos eram de grande tamanho. A fauna americana, por exemplo, empobreceu-se após perder mamutes, cavalos, camelos, preguiças gigantes capazes de alcançar o segundo andar de um prédio, além de castores gigantes, gliptodontes maiores que fuscas, tartarugas, espécies de roedores do tamanho de rinocerontes, leões e tigres de dente-de-sabre. Combinadas, as Américas perderam cerca de ¾ de suas espécies de grande porte, enquanto que, na Europa, desapareceram 1/3 ou metade de seus animais.

Existem três teorias mais aceitas para se tentar descrever a extinção da megafauna pleistocênica: (1) a ocorrência de mudanças climáticas radicais, (2) um excesso de caça dos nossos antepassados e o (3) surgimento de uma pandemia, esta a mais improvavel de todas. Porém, todas essas hipóteses têm recebido uma série de críticas.

Como não poderia ser de outra maneira.
Acusar um provavel aquecimento conteporaneo como consequencia da ação humana diante destes fatos todos é completamente insustentavel, sem o minimo de conduta com o metodo cientifico. Chega a ser ridiculo e um deboche com a inteligencia alheia...


Cataclismos fazem parte da historia do planeta.
Como acontece tamanha calamidade para a fauna e flora terrestre?
Para compreender a mecânica da catástrofe é necessário um estudo da constituição da crosta terrestre. A dúzia de camadas tectônicas ou continentais que a constituem flutua sobre um leito de magma, massa pastosa incandescente que aflora à superfície como lava derretida quando a pressão é retirada. Essas camadas conservam-se estáveis sobre o magma escorregadio devido às forças resultantes do movimento de rotação da Terra, mas para que ocorra uma súbita e drástica modificação em sua posição só é necessário que algo perturbe esse delicado equilíbrio.

. Bastaria, por exemplo, uma alteração de um único grau na inclinação do eixo terrestre para causar no magma pastoso interno tremendas marés, cuja repercussão certamente seria sentida na fina “nem tão fina assim, diga-se de passagem” crosta sólida externa. Os vulcões entrariam subitamente em erupção, arremessando à estratosfera enormes quantidades de vapor, fumo e poeira, e “escurecendo o sol”, como contam as lendas antigas. Depois, esses gases, esfriados pelas grandes altitudes, iriam em espiral, pela ação das correntes aéreas, em direção aos pólos, onde sua descida provocaria furacões gelados. Isso explicaria por que enregelaram instantaneamente os mamutes da Sibéria e os mastodontes do Alasca.
No ano de 1900, nas margens do rio Berezovka, na Sibéria setentrional, encontrou-se um perfeito exemplar de mamute, em meio à lama congelada, lama formada por uma mistura de água, areia, aluvião e marga. O fato em si não era novo, nem extraordinário. Diversos grandes animais já haviam sido encontrados mortos no gelo, em bom estado de conservação, e os habitantes da região afirmavam que os lobos comiam a sua carne. Aquele mamute, porém, estava morto em pé, e tinha resto de capim gelado entre os dentes. Se morrera comendo, como ficara de pé? Por que não cuspira o capim que mastigava nos estertores de sua agonia?

Foram encontrados outros animais, quase todos com sinais inequívocos de morte instantânea, e sem indícios de violência aparente. Haviam sido todos gelados. Mas como?

Por outro lado, os estudos com a carne dos animais e as amostras do solo que os envolvia mostraram ter sua morte ocorrido há mais ou menos 10 000 anos.
Eis o quadro: enormes planícies cobertas de grama tenra, manadas de mamíferos gigantescos pastam calmamente. Súbito morrem todos. Por que? Como?
A hipótese mais viável somente foi encontrada recentemente. Verificou-se que havia no planeta inúmeras outras marcas dessa catástrofe. O grande lago que existia no Saara secou mais ou menos na mesma época. Partes do mediterrâneo aumentaram, e, em outros lugares.
Algo grande, muito poderoso, dera uns bons safanões em nosso planeta, fazendo-o estremecer de maneira sensível.

Os vulcões, situados quase todos nas zonas quentes perto da linha equatorial, entram subitamente em erupção, em uníssono, arremessando ao ar não apenas pedras e lava, mas consideráveis massas de ar quente e poeira superaquecida, que se eleva até a estratosfera e depois, seguindo o movimento normal dos ventos no planeta, dirige-se em forma de espiral para os pólos, já completamente gelada, a menos 100 graus centígrados. Chegando aos pólos a nuvem de poeira subitamente escurece o Sol. Os animais espantados olham para cima. Pouco depois são atingidos pelo ar frio que desloca as camadas inferiores, varrendo com ventos gelados a enorme planície sem obstáculos.

Os animais sentem o frio queimar seus olhos e pulmões e morrem em segundos, congelados. A poeira os cobre lentamente. Horas depois tudo se acalma. A neve fina, nunca observada antes naquela região, cai durante dias seguidos, até cobrir tudo numa camada espessa.
No Alasca, a milhares de quilômetros dali, as conseqüências foram diversas. Era época de migração estival e milhares de mamíferos caminhavam para o norte, pastando. Súbito chega a neve. Procuram fugir para o sul. Horas depois sobrevêm ventos fortíssimos, que os arremessam contra árvores e os despedaçam nas montanhas. Aos trambolhões são jogados no fundo dos despenhadeiros e cobertos pela lama gelada, de mistura com pedras, vegetais e galhos.

Mas as marés de magma interno não tiveram apenas efeito sobre os vulcões. A crosta da Terra rachou, afundou e esticou.
Mas isto já é outra estória.










Ingressar em Pag. On-line


MSN Grupos


A Terra... planeta especial em todos os sentidos e muito em particular por albergar a única forma de vida até à data conhecida: nós. Casualidade ou será que devemos esperar encontrar vida nos outros planetas do sistema Solar?

Façamos uma análise das condições que a Terra tem e que a tornam tão sui generis.

Sabemos que a vida ronda à volta da água, tal como os animais se agrupam nos charcos ao fim do dia. Deste modo podemos pensar que a Terra está à distância correcta do Sol, para que a água exista nas três fases: sólida, líquida e gasosa. Se aproximarmos a Terra do Sol, tal como Vénus
está, toda a água se evaporaria. Afastando a Terra até uma distância igual à de Marte o reverso acontecia: toda a água congelaria. Nestes dois casos não teríamos condições propícias à vida. Mas importante é saber que a Terra teria uma temperatura média de -30(congelaria) se fosse apenas a acção de aquecimento do Sol, associada à sua superfície muito reflectora (oceanos, gêlo e nuvens). O salto mágico até às temperaturas positivas é devido ao efeito de estufa, criado pelo vapor de água, o CO2, e o CH4(em menor quantidade).

Particularidade espantosa, esta de a nossa atmosfera ser rica nestes gases!

Repare-se que na formação de um sistema solar a partir de uma nebulosa muito rica em gás (90%, e 10% poeira), era de esperar que os proto-planetas adquirissem atmosferas ricas nestes gases. Isso aconteceu com Júpiter e os restantes planetas gigantes, mas não com os
planetas interiores. Devido à sua proximidade ao Sol tentaram capturar um gás de hidrogénio (75%) e hélio (24%) muito quente, por isso com moléculas muito velozes, o que lhes diminuiu a probabilidade de captura dos mesmos. Assim, os planetas terrestres foram apanhando
preferencialmente as moléculas mais pesadas, muito menos abundantes e mais lentas, e nunca adquiriram uma massa final comparável à dos planetas gigantes.

A atmosfera que desenvolvem aparece por desgaseificação das rochas que os constituem. Contudo, a radiação ultravioleta solar parte as moléculas que são libertadas, e rapidamente os átomos separados reagem com o pouco hidrogénio que ainda resta na atmosfera, formando os radicais OH, NH, CH e as moléculas de H NH3 e CH4. Exactamente a composição observada nos planetas gigantes. É então necessário esperar que o hidrogénio escape todo da atmosfera para que em vez de radicais químicos ricos em hidrogénio, comecem a aparecer em grande abundância o N2 e o O2.

A primitiva actividade biológica dentro dos oceanos vai contribuindo para o enriquecimento de oxigénio na atmosfera, e assim forma-se pouco a pouco a pequena (mas suficiente) quantidade fundamental de ozono O3.
Sem a absorção que faz dos ultra-violetas solares, esta radiação continuaria a foto-dissociar as moléculas mais complexas. Este enriquecimento em oxigénio contribui com relevância para o aparecimento do CO2 em grande quantidade, gás fundamental para o efeito de estufa. Sem ele o arrefecimento gradual do planeta após a sua condensação e formação, levaria ao congelamento da água e desaparecimento do ciclo hidrológico entre oceanos, nuvens e chuva.

A simples existência de uma atmosfera, garante que esta funcione como reservatório e veículo de transporte de energia do lado iluminado para o lado escuro, e assim permitir uma uniformidade maior de temperaturas. Por exemplo a Lua que não tem atmosfera, apresenta cerca de 120oC no lado ao Sol e -150C no outro às escuras. Uma variação de 270C.

Já a Terra apresenta apenas uma variação de 10-30 graus, entre o dia e a noite. E isto contribui para a própria estabilidade química das moléculas.

O desenvolvimento e existência de grandes superfícies líquidas permitiu à Terra que a formação de CO2 em excesso fosse controlada, com a absorção deste por parte dos oceanos. Os oceanos funcionam como um reservatório gigantesco de CO2, num ciclo que começa agora a ser estudado
e compreendido. A sua dinâmica interna faz com que o CO2 dissolvido na água se deposite nos leitos dos oceanos, e afunde até ao magma interno para ser expelido nas falhas e vulcões das placas tectónicas. Além disso, é absorvido para a formação de carbonatos calcários, nas conchas, crustáceos e rochas calcárias. Mas essa sobre-abundância de CO2 ajudou também ao aparecimento e manutenção de organismos que sobrevivem pela foto-síntese: as plantas. Todos estes processos libertam o oxigénio do CO2, ajudando a alimentar toda a fauna marinha e o seu enriquecimento na atmosfera. A inexistência de oceanos de água líquida em Vénus fez com que o excesso de CO2 e respectivo efeito de estufa, elevassem a temperatura daquele planeta
para os 480C, aniquilando o desenvolvimento de vida, tal como a conhecemos.


Mas outro factor aparece aqui: a massa do planeta. A Lua está à mesma distância do Sol e não tem atmosfera alguma! A massa é um factor crítico pois deu à Terra a capacidade de capturar e aguentar as moléculas fundamentais na atmosfera, mesmo à temperatura a que estão. Por
exemplo, Marte não consegue manter uma molécula de água na atmosfera pois a sua atracção gravítica é fraca. Mas note-se que foi o facto da Terra ter esta massa intermédia, que lhe permitiu também perder o hidrogénio livre e o hélio, e deixar a atmosfera evoluir para a que hoje temos.

A massa foi muito importante também no aparecimento de um núcleo fundido rico em ferro e níquel, no centro do planeta. A sua rotação formaria um campo magnético que é o mais forte de entre os pequenos planetas. Este campo fortíssimo é outro escudo natural que temos: protege-nos dos protões e electrões altamente energéticos que nos chegam do Sol com velocidades entre os 200-800 km/s. Este vento solar tem energia suficiente para partir as moléculas fundamentais para a vida, mas felizmente fica aprisionado em órbitas espirais, no campo magnético terrestre, nos famosos cinturões de Van Allen. Sem ele, as mutações introduzidas no processo evolutivo das muitas combinações genéticas seriam muito mais alteradas e o processo todo retardado, se não mesmo impossibilitado. Isso é o que sofrem os elementos químicos à superfície dos outros planetas terrestres, e também os astronautas quando passeiam pelo espaço.

Mercúrio e Marte não têm campo magnético pois são pequenos demais, e Vénus tem pouco ou nada, o que é um mistério. Sabe-se hoje que Vénus é um caso especial pois dá a impressão de ter uma renovação completa de toda a sua superfície cada 150 milhões de anos. Porquê? Não se sabe. Será devido ao facto de a sua alta temperatura exterior não deixar o interior arrefecer, e por isso manter um núcleo líquido mais activo do que o nosso?

Continuemos..., se o leitor ainda não se maravilhou o suficiente até agora.

E a Lua? temos o maior satélite natural de todos os planetas, proporcionalmente ao tamanho da Terra. Estudos recentes demonstram que o equilíbrio dinâmico da rotação da Terra sujeita às
interacções de outros planetas, não está garantido ab æterno.

Simulações numéricas complexas sobre a inclinação do eixo de rotação de um planeta isolado, demonstram que este pode mudar a sua orientação, em escalas de tempo das centenas de milhões de anos. Todas as inclinações iniciais geram variações totalmente aleatórias, chegando mesmo a deitar o eixo na horizontal e a pô-lo na vertical outra vez. Sabe-se que Vénus tem o
eixo de rotação ao revés, está quase a 180 o. Terá sido um exemplo desta instabilidade? Contudo, quando existe uma Lua em torno do planeta, o que lhe causa uma deformação em forma de ovo deitado (por força de maré), a sua rotação é bastante estável devido a um momento angular extra, permanecendo o eixo do planeta com a sua inclinação inicial. Algumas oscilações
aleatórias podem aparecer, se a inclinação inicial era superior a 60 o.

Ora isto garantiu que a Terra tenha mantido a sua inclinação de cerca de 23 o 26', e assim a existência de estações do ano, com toda a importância que isto envolve para o desenvolvimento da diversidade de formas de vida no planeta. Marte tem uma inclinação semelhante e por isso apresenta o equivalente às nossas estações do ano, mas Vénus não as tem.

Quem ainda não acredita que é a inclinação do eixo que origina o Inverno e o Verão mas que estes provêm da distância ao Sol, faça o favor de explicar porque é que no Inverno em Portugal, é Verão quentíssimo em Moçambique, e os Pólos estão geladíssimos. A distância destes três
pontos ao Sol é a mesma. Mais ainda, a variação de temperatura quando a Terra vai do periélio para o afélio é de apenas de graus.

Ainda a presença da Lua tão grande em relação à Terra, implica a existência de marés muito fortes no nosso planeta, o que tem contribuído para a oxigenação dos oceanos, assim como para a diversidade de organismos adaptados às marés e à luz lunar. Os olhos das aves de rapina nocturnas teriam de ser muito maiores se as noites fossem sempre de escuridão total.

Nenhum dos outros planetas terrestres possui estas particularidades todas.

Outra peculiaridade é que o Sol é uma estrela amarela e isso implica que tenha a emissão máxima no amarelo-verde, exactamente onde a clorofila das árvores funciona. Punhamos a Terra em torno de uma estrela azul (muito quente) e as radiações ultra-violetas muito energéticas tornam-se predominantes, matando todo o género de vida que se possa desenvolver.
Mudemo-nos para uma estrela vermelha (fria) e o processo de foto-síntese da clorofila e oxigenação da atmosfera, estaria condenado ao fracasso, pois estas estrelas quase não emitem nesses comprimentos de onda.

Sabemos que apenas estrelas do tipo Sol devem apresentar condições, na altura da sua
formação, que permitam também a formação de planetas, e isso já é um bom indício para a busca de vida extra-solar.

Desloquemos o Sistema Solar da sua posição intermédia na nossa galáxia, a Via-Láctea, para o núcleo muito central da galáxia. Aí a densidade de estrelas no céu seria tão grande que a noite seria igual ao dia. Todos os ciclos de actividade e descanso a que as espécies se adaptaram teriam de ser reformulados, muito em particular o ser humano que usa o sono para uma actividade cerebral de "arrumar a casa". Ainda a densidade de estrelas no céu e a presença próxima de estrelas azuis, elevaria a densidade de radiação recebida na Terra para níveis incomportáveis para a vida.

Também não estamos nas zonas vazias de estrelas entre os braços espirais da Via-Láctea, pois isso dar-nos-ía um céu nocturno desprovido de estrelas, mas com o plano da Via-Láctea bem demarcado no céu. A visão do céu nocturno sempre foi um factor de acalento da vida humana, e quiçá, davida animal. Assim, beneficiamos muito com a nossa posição na galáxia. E beneficiamos mais ainda do facto da Via-Láctea não ser uma galáxia de núcleo activo, ejectando gás a altíssima velocidade, confinado em campos magnéticos muito fortes e emitindo radiações duras até aos raios X e Gama.

E se depois disto tudo algo mais sobra, deitemo-nos hoje à noite e meditemos nesta bela casa a que chamamos ...TERRA.
Rui J. Agostinho